domingo, 7 de setembro de 2014

Eduardo Gianetti, Marina Silva e o Pagamento por Serviços Ambientais

Eu estudo (e trabalho com, no mestrado) políticas de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) há uns 5 anos, e acompanho bem de perto a Marina Silva há uns 6 anos. E nunca tinha visto em discussões políticas importantes a pauta dos PSAs e internalização de problemas ambientais nas transações econômicas. Nem da Marina, nem de ninguém.

Por isso fiquei positivamente surpreso (pra variar né Marina?) e quase empolgado com a excelente entrevista de Renato Janine Ribeiro que cita como Marina Silva e Eduardo Giannetti estão discutindo essas questões. Explica de forma simples como esses mecanismos são promissores. Trecho que merece destaque:

"O Eduardo Gianetti defende gastar menos com lazer contraprodutivo, gastar menos na Europa, por exemplo, e ir mais a eventos culturais no Brasil, na sua cidade. A proposta da Marina é muito intensa, de mudar o mercado de capital.

P- O sr. poderia dar um exemplo de cobrança ambiental ou social?

Um voo de avião gera certa quantidade de carbono. O custo da passagem talvez não seja 300 reais, talvez seja 700. Nossa economia é expert em terceirizar o prejuízo. Você anda de avião e não paga o consumo de carbono, não paga as doenças, a mudança climática. A ideia do Gianetti é pegar esses fatores e fazer alguém pagar por isso. Isso é muito diferente do mercado tradicional. Não deixar crescer espetando a ponta no outro. Não é fácil fazer isso. Uma coisa que está sendo feita em alguns lugares é cobrar pelo uso da água. Numa parte do Brasil você paga o tratamento da água, mas não a água – você não sabe quanto a água vale. A água é um recurso escasso, finito, não pode ser gasto assim. Várias tentativas da Rede são de tentar domesticar e civilizar o mercado. Não é o mercado que os tucanos entendem.

P- E se esses produtos ficarem com um preço proibitivo?

É possível, pois isso está sendo pago por outras pessoas. Os prejuízos são pagos por meio das mortes e doenças das pessoas, da dor das famílias. Por que esse custo não pode ser colocado no produtor? Se ficar improdutivo, deixam de produzir. Se você bebe Coca-Cola, pega a garrafa e joga no córrego, vai entupir. Você tem de pagar por isso, pois poderia pegar e jogar no lixo reciclável. Outro caso é o do cigarro. Isso eu acho fascinante. Muda a estrutura, torna a estrutura mais saudável, no limite resolve casos de produtos ruins. O McDonalds teria de pagar uma fortuna.

P- E os bens necessários para a sociedade moderna, como os eletrônicos (televisões, rádios, celulares, computadores)? Sabemos que a matéria-prima de certos componentes dos eletrônicos, por exemplo, são extraídas por mineiros em condições degradantes, sem direitos trabalhistas e colocando sua saúde em risco.

A prioridade é: esses mineiros não podem se lascar. Se houver danos de saúde, se aposentam mais cedo. O custo vai pro produto. Podemos estabelecer que determinado nível é isento, subsidiado, como um carro 1.0, ou um rádio simples. Poderíamos fazer a mesma coisa com o computador. Se eu acho essencial para uma sociedade ter acesso universal à internet e ao computador, isso é um bem publico. Então, é dever do Estado oferecer isso a baixo custo – não de graça, mas barato. Precisam ser coisas definidas claramente, transparentes e visíveis pra todos."

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Primeiro registro fotográfico do jacu-estalo da mata atlântica

É com muita satisfação que finalmente apresento-lhes a primeira foto que se conhece, feita por um ser humano (além de uma foto terrível de camera trap), da subespécie da Mata Atlântica do jacu estalo, o Neomorphus geoffroyi dulcis.

Se esse bicho já é raro na amazônia brasileira, imagina na Mata Atlântica, onde se conhece menos de meia dúzia de avistamentos nas últimas 2 ou 3 décadas. Certamente é um ponto alto e um dia inesquecível na vida de qualquer ornitólogo/observador de aves. O bicho simplesmente pulou na minha frente e do amigo Daniel Teixeira no meio da trilha no Parque Estadual do Rio Doce.

Mais detalhes do registro e informações sobre a espécie foram publicados na edição de setembro da Brazilian Journal of Ornithology.

Registro em melhor qualidade: http://www.wikiaves.com.br/1488623

Primeira fotografia feita por uma pessoa do Neomorphus geoffroyi dulcis, o jacu estalo da Mata Atlântica.
Foto: André Aroeira Pacheco